Curiosidades de uma mente perturbada

Além de piadas, coisas sérias, paranóias, filosofias baratas ou não, babaquices, e tudo que se passa pela cabeça de uma pessoa nada comum.

quinta-feira, junho 19, 2003

Quanto à violência do Rio, e de todas as cidades grandes que têm problemas semelhantes, não acho justo que o cidadão honesto deva se adaptar, ou aceitar a violência e o crime para se levar a vida de acordo com as regras impostas pelos bandidos. Como temos que viver nestas cidades, devemos agir de acordo com estas regras. Ou então, é só se mudar para algum fim de mundo no interior e plantar batata para sobreviver. Mas cidades grandes têm esses problemas. Seja aqui ou lá fora, são sempre os mesmos. Em 1994, quando fui morar em Los Angeles, estudei numa escola de música em Hollywood. No primeiro dia de aula, todos os novos alunos foram reunidos no auditório para se conhecerem, saberem as regras, blá, blá, blá, e foram intruídos a não ostentarem jóias, câmeras de vídeo e fotográficas, e a não contarem dinheiro (!!!!!!) no meio da rua. Coisas que soam terrivelmente elementares para qualquer brasileiro, mas que, para caipiras de cidades do interior de alguns países, pode parecer novidade. São lições básicas para sobreviver por aqui. Só fico surpreso que alguns brasileiros ainda não as tenham aprendido.

Outra coisa que me deixou triste, e com um sentimento de pena misturada com culpa, foi uma reportagem no Jornal Hoje sobre um velhinho que, para ajudar uma sobrinha sem dinheiro, resolveu tirar de dentro do travesseiro uma fortuna de milhões escondida. Qual surpresa o pobre (sim, pobre!!) velhinho não teve ao chegar no banco e ser avisado que os milhões guardados por tanto tempo, hoje não comprariam nem o travesseiro no qual os guardou. Pois é... Eram Cruzeiros. Aqueles antigos, com notas de 5, 10 e 100 mil... Morri de pena. Mas também, PUTA-QUE-PARIU!!! Quanto tempo esse coroa ficou ser ver televisão, gente, e até dinheiro, para saber que a moeda mudou????? Nem se preocupou em dizer para alguém que guardava uma fortuna? Nem precisa dizer aonde!!
É para isso que existem bancos, porra!!! Pois é... A grana que ele tinha, capaz de comprar um sítio na época que resolveu enfiar no travesseiro, hoje virou objeto de arte. Enquadraram e penduraram no museu da cidade, numa mostra que lembra ao pobre coitado o momento de imbecilidade debilitante que ele teve. Só que esse momento dele durou mais de 20 anos...

Hoje, p'ra variar, estou mais uma vez revoltado com certos tipos de coisas que acontecem ao meu redor.
Ontem de manhã uma analista de sistemas foi assassinada com um tiro de pistola em Botafogo. Uma coisa triste, com certeza, mas que poderia ter sido evitada. Quem leu o jornal de hoje, com certeza deve ter ficado chocado. Eu fiquei... Muitas tragédias, assassinatos, e violência gratuita. Mas como poderia ter sido evitada a tragédia? Polícia? Governo? Ação social? Não. Bom senso. O puro e simples raciocínio que separa alguns humanos do resto dos animais.
Quem leu a matéria viu que a vítima tinha ido à lotérica da mãe, na Praça XV, no centro do Rio, para pegar a féria da véspera, 12 mil reais, e foi depositar no Banco do Brasil da Dataprev, empresa onde trabalha, em Botafogo. Pois é... BOTAFOGO!!!!! Por quê não foi depositar em São Paulo? Porra!! Quando eu estou com 12 mil na mão, se não for p'ra gastar, o que mais quero fazer é depositar no banco mais próximo!! Ela e o marido pegaram um METRÔ (!!!!!!!) e, a apenas 100 metros da empresa, foram assaltados. Ele carregava o dinheiro, mas ela que resolveu correr quando teve uma arma apontada para si. Pronto... Duas boas maneiras de se continuar vivo. Primeiro, não ande com tanto dinheiro nas ruas do Rio. Segundo, se apontarem uma arma p'ra você, pare, escute e obedeça a pessoa que está do outro lado da arma. É assim que se continua vivo. Coisas óbvias... Heróis são aqueles que saem vivos de situações dessas uma única vez. Mas com certeza jamais repetirão a burrice de reagir. E para cada herói vivo, são milhares de mártires mortos. A diferença entre herói e mártir, é que o herói deu sorte num momento de imbecilidade debilitante. O dinheiro se consegue de novo depois. E, se não conseguir, pelo menos temos a vida inteira p'ra tentar conseguí-lo...